sábado, 16 de fevereiro de 2013

Love letter

Meu amor, minha paixão.

Estou a morrer de saudades tuas. Não sei bem explicar porquê. Sinto a falta do teu cheiro e de passar as mãos pelos teus cabelos. És especial para mim, ainda que diversas vezes me pergunte se terei algum significado para ti.
São interrogações tolas, stresses de gaja, já te imagino a dizer. Sem paciência para me aturares, eu que até acho que sou uma mulher fácil de aturar. Não faço muitas perguntas, não controlo nem tão pouco me apetece controlar. Não faz o meu estilo. Não me sinto bem a fazer isso.
Sempre que te ligo e te pergunto « como estás?», e tu respondes-me sempre onde estás. Se estiveres dentro das calças, tudo bem. Se estiveres sem elas, melhor ainda! Aproveita, que é da maneira que me excitas mais....Imaginar-te a beijar outra, a foder uma qualquer...é inebriante. Só me apetece consumir-te como um incêndio que deflagra dentro de mim.
O meu corpo fica incapaz de expressar o desejo. Não o contenho, ele transborda, é maior que eu. E tu sem paciência para me aturares.
Posso dar a desculpa que estás sem paciência para aturar a vida, que estás numa fase difícil e blá blá blá.....parece-me conversa fiada. Mesmo tu tendo confessado que estás na pior fase da tua vida.
É que eu tenho tanto para te dar e para te arrancar. Tantos beijos que eu tenho por dar. Quem me dera que isto me passasse, queria tanto!
Às vezes rezo e peço a Deus que me dê a oportunidade de me cansar de ti antes que tenha de arrancar tudo o que sinto por ti de dentro de mim, como quem arranca uma silva pela raíz. Tem de se escavar bem fundo, levantar tanta terra, fragmentar tanta coisa. Depois...
Depois fica-se em pedra, estéril para sentimentos e para paixões.
Não quero fazer de ti um marido, nem um santo. Não te quero mudar, salvar e moldar à minha vontade. As pessoas não são pedaços de barro que moldamos ao sabor dos nossos caprichos. Se gosto de ti, é por aquilo que tu és, sem mais nem menos.
Não quero prender-te, educar-te, civilizar-te, o que for...
Se me apaixonei por ti assim, politicamente incorrecto, com a puta da mania e um feitio muito próprio que só me apetece arrancar a chicote, que seja! Foi assim que te quis, e é assim que eu te quero.
Não quero fazer de ti um marido. Nunca te prenderei. Só te agarro quando estiveres nos meus braços. Só aí és meu, despido de tudo. Sem familia nem problemas. Só aí eu olho para ti e vejo-te, até ao mais profundo de ti.Só aí nos olhamos e não somos mais nada que nós.
Somos eu e tu no meio de uma ou duas risadas, como garotos a fazer asneiras. E somos garotos a fazer asneiras. Mas como poderíamos não as fazer?
Às vezes vejo-te a fugir, a aperceberes-te da realidade da tua vida, e como contrasta com o que existe quando nós estamos juntos. Se reparares, se te permitires um rasgo de sensatez, sabes que tens uma vida da qual não te podes queixar. E sabes que eu posso dizer o mesmo.
Não precisas de fugir. O que nós temos só existe quando estamos nos braços um do outro. O resto, meu caro, é desatino. São efeitos colaterais de quem se atreve a viver. Esquece isso e aguenta-te. Eu deste lado  tento fazer o mesmo.
Confesso que te procuro noutros beijos e noutros abraços. Não sei porque o faço. Talvez exista em mim a esperança de que um dia esses beijos sejam iguais aos teus. Ou sejam suficientemente parecidos com os teus para que eu me contente. Ou que passe tanto tempo que eu me esqueça de como são os teus beijos.

Eu e tu somos aquela música vadia, aquele tango sedutor e trágico e solitário, tocado por boémios bêbedos e vagabundos às quatro da manhã num bar de mau nome. Somos as fodas, a meia dúzia de fodas que daremos ao longo da vida.
Somos esses momentos em que olhamos um para o outro, e vemos apenas isto. Tu vês-me e eu vejo-te.
Foda-se...somos os gajos do Brokeback Mountain. Merda para isto.

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